por Emanuel Naba
A diversificação da economia de Araçatuba e Birigui têm sido fundamental para ambas as cidades a sofram menos com as crises econômicas e atravessem melhor momentos com a pandemia causada pela covi-19. A conclusão está no trabalho do o economista e pesquisador em economia local, professor Marco Aurélio Barbosa de Souza da qual a Folha da Região teve acesso com exclusividade.
De acordo com Barbosa, o trabalho foi feito para ajudar as administrações, os investidores e os moradores das duas cidades a entenderem melhor suas realidades econômicas. Segundo ele, conhecer a realidade econômica dos municípios é um elemento fundamental para se pensar nas estratégias de desenvolvimento econômico local.
O levantamento realizado faz parte de uma pesquisa em fase de desenvolvimento, cujos resultados serão apresentados aos agentes econômicos locais no decorrer dos próximos meses. É, portanto, um estudo preliminar que será aperfeiçoado com o andamento do projeto.
Entre as conclusões do trabalho constatou-se a presença nas cidades de uma robusta estrutura produtiva formada por um conjunto amplo e diversificado de empresas de vários setores econômicos. Esse conjunto de empresas favorece o enfrentamento de crises, suaviza os impactos de mudanças desfavoráveis dos ciclos econômicos e traz oportunidades para investidores e empreendedores potencializando a capacidade de desenvolvimento econômico local.
Para além do estoque, ou seja, a visão do conjunto de empresas, outro aspecto relevante destacado na pesquisa foi o dinamismo da economia araçatubense e biriguiense que apresentaram saldo positivo no fluxo de abertura e fechamento de empresas entre 2017 e 2020. Outra evidência desse dinamismo foi que mesmo em um cenário adverso, de crise provocada pela pandemia (Covid-19), os municípios mantiveram resultados positivos na abertura de empresas no primeiro quadrimestre de 2020.
O professor explica que a estrutura produtiva empresarial é formada pelo conjunto de empresas em atividade dos vários setores produtivos instalados nos municípios. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) classifica os grandes setores (grandes grupamentos) em: agropecuária, comércio, construção, indústria e serviços. Esses setores, conforme o Cadastro Nacional de Atividade Econômica (CNAE) em sua versão 2.0, se dividem em seção, divisão, grupo, classe e subclasse. Esses níveis de desagregação (detalhamento) são elementos importantes para análise mais aprofundada das características da economia local.
ARAÇATUBA
O crescimento na instalação de novas empresas dos setores de serviços e comércio entre 2017 e 2019 fortaleceu e ajudou a consolidar a liderança regional da cidade como polo regional dos referidos segmentos fazendo com que Araçatuba alcançasse um universo produtivo formado por 25.158 empresas.
Desse montante, 22.580 (89,75%) são microempresas, cujo faturamento é de até R$ 360.000,00 mil por ano; 1.787 (7,1%) são empresas de demais porte com faturamento superior a R$ 4.800.000,00 e 791 (3,14%) são empresas de pequeno porte com faturamento entre R$ 360.000,00 e R$ 4.800.000,00.
Destaca-se ainda a forte presença dos Microempreendedores Individuais (MEIs) que representam 55,09% do conjunto produtivo araçatubense com 13.859 empreendimentos.
O intervalo entre 2017 e 2019 foi favorável em relação a abertura de novos negócios na cidade, com a instalação de 2.363 empresas em 2017; 3.183 em 2018 e 4.127 em 2019.
Analisando a composição setorial da estrutura produtiva os destaques são para os setores de serviço com 11.954 empresas (47,5% do total); comércio com 8.556 unidades (34,01% do total); construção com 2.430 (9,66% do total) empreendimentos e indústria com 2.023 empresas (8,04%).
Esmiuçando os dados é possível visualizar que a participação dos setores de comércio e serviços se reflete no ranking das principais atividades econômicas com o segmento de cabelereiros, manicures e pedicures liderando o ranking com 1.438 empresas; em segundo lugar o comércio varejista com 1.389 negócios; na terceira posição obras de alvenaria com 777 unidades; lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares aparece na quarta posição com 639 empresas; promoção de vendas com 557 e estética e outros serviços de cuidado e beleza com 462 negócios.
BIRIGUI
A estrutura produtiva empresarial da cidade de Birigui contava em abril de 2020 com 13.483 empresas. Desse montante, os chamados Microempreendedores Individuais representavam 54,46%, com 7.343 empreendimentos. Em relação ao porte das empresas, o destaque foi para a representatividade das microempresas que correspondem a 89,57% do total com 12.077 unidades. Em segundo lugar estão as demais categorias com 765 unidades (5,67% do total) e, na terceira posição, as empresas de pequeno porte, com 641 unidades (4,75% do total).
Analisando o ranking das atividades econômicas os destaques foram para o setor de comércio (primeira posição) com 4.976 unidades (36,9% do total), em seguida se destaca o setor de serviços com 4.802 (35,6% do total), na sequência está a indústria com 2.502 unidades (18,5% do total) e o setor de construção representando 8,6% com 1.156 empresas.
CONJUNTO
A desagregação do setor industrial evidencia a força industrial biriguiense, contando com um conjunto amplo e diversificado de empresas.
O ranking é liderado pelo segmento de preparação de couro e fabricação de artefatos de couros, artigos para viagem e calçados com 1.097 empresas, correspondendo 43,8% do total de empresas do setor industrial local. A expressiva participação do setor se deve a presença em Birigui de um dos mais importantes polos produtores de calçados do Brasil, especializado no segmento de calçados infantis, cuja trajetória de instalação teve início na década de 1950. A presença do setor fez com que a cidade recebesse a denominação de Capital Brasileira do Calçado Infantil.
Outro destaque em relação ao setor industrial, é a indústria de confecção de artigos de vestuário e acessórios que conta com 380 empresas. Em seguida, se destacam a fabricação de produtos de metal com 163 unidades; fabricação de produtos alimentícios com 146 empresas; fabricação de produtos têxteis com 121; fabricação de móveis com 97 unidades e fabricação de celulose, papel e produtos de papel com 70 empreendimentos.
Foi expressivo o crescimento do número de empresas instaladas na cidade entre 2017 e 2019. Foram 4.815 unidades produtivas. Em 2017 foram instaladas 1.247 empresas, em 2018, 1.593, e, em 2019, 1.975. Por outro lado, em relação ao fechamento de empresas, o período registrou o encerramento das atividades de 1055 empresas. Dessa forma, a cidade apresentou um saldo positivo de 3.760 empreendimentos.
Em relação a localização dos novos negócios os destaques foram para a região central da cidade, que recebeu 710 novas empresas (14,7% do total), em seguida se destacaram o Jardim São Braz com 160 empresas (3,3%); Residencial Monte Líbano com 154 empresas (3,2%); Residencial Portal da Pérola II com 145 unidades (3%); Thereza Maria Barbieri com 134 empreendimentos (2,8%) e Quemil e Cidade Jardim com 132 (2,7%) e 123 (2,5%) novos negócios, respectivamente.
EMPRESAS
No primeiro quadrimestre de 2020 o fluxo de abertura de empresas manteve-se positivo nos municípios com a abertura de 1.246 empresas em Araçatuba e 682 novos empreendimentos em Birigui. Por outro lado, em relação ao fechamento de empresas, houve o encerramento das atividades de 461 em Araçatuba e 43 empresas em Birigui. Dessa forma, Araçatuba ficou com saldo positivo de 785 e Birigui com 639.
Destaca-se também o aumento da participação das microempresas nas duas cidades. Em Araçatuba entre janeiro e abril foram 1.207 empresas, ou seja, 96,87% dos negócios instalados no ano. Já em Birigui, as microempresas representaram 97,2 do total com 663 unidades.
Outro aspecto importante foi a ampliação da participação das MEIS nos municípios, com 1001 unidades em Araçatuba (80,34% do total) e 596 unidades em Birigui, correspondendo a 83,4% das empresas instaladas no ano.
28/09/2020